sexta-feira, 1 de junho de 2012

Casa Aristides Ribeiro - Viana de Lima




Casa Aristides Ribeiro
Viana de Lima

Exercício Prático – Teoria e Historia da Arquitectura I
Professor José Capela
EAUM – 2011/12



Leonor Cascais nº64943
Maria Daniela Cardoso nº64927
Maria Maia nº6434


Índice

1. As características do contexto de intervenção e o modo como o projecto lhes responde;
2. A lógica funcional e espacial da planta que melhor representa o projecto (a definir pelo grupo);
3. A lógica funcional e espacial do corte que melhor representa o projecto (a definir pelo grupo);
4. Os aspectos do projecto mais próximos dos modelos canónicos do movimento moderno;
5. Os aspectos do projecto que mais se distanciam dos modelos canónicos do movimento moderno;
     Bibliografia.




1. As características do contexto de intervenção e o modo como o projecto lhes responde:

A moradia Aristides Ribeiro, de 1951 (data de conclusão de projecto) localiza-se na cidade do Porto, freguesia de Paranhos, rua Vitorino Damásio, nº 120. Trata-se de uma zona residencial com predominância de moradias ou prédios de pequenas dimensões, por esta razão podemos afirmar que esta obra se encontra integrada na construção envolvente. O lote em causa não é muito grande tendo uma área total de 180m2 e o terreno apresenta-se pouco acidentado.
Esta obra faz parte de um testemunho da influência que Le Corbusier teve sobre Viana de Lima durante a primeira década do seu trabalho. Provas disso são as comparações evidentes que se encontram entre os pormenores da varanda do 2º andar desta moradia com a varanda do terraço da casa Cook (1926), ou então o quarto em ponte que lembra mais o terraço em ponte da Villa Stein (1927) também de Le Corbusier.





 2. A lógica funcional e espacial da planta que melhor representa o projecto (a definir pelo grupo):



Este edifício do professor arquitecto Viana de Lima organiza-se em três pisos: rés-do-chão onde podemos encontrar o hall de entrada, garagem e zona de serviço, um primeiro andar caracterizado pelas zonas social, escritório e cozinha e um último com a zona dos quartos e casa de banho.
Na nossa visita à casa a proprietária apontou o primeiro piso como o mais pertinente ao nível arquitectónico e ao observarmos as diferentes plantas também nestas encontramos justificação para o destaque da mesma. Por esta razão, escolhemos a planta do primeiro piso como a que melhor representa o projecto, (em destaque a baixo).
Na planta é visível o seu modesto caracter de planta livre em que o espaço de distribuição entre as várias divisões se desenvolve em torno de umas escadas centrais. Estas tomam um papel principal no que diz respeito à funcionalidade da casa pois fazem os acessos e distribuição do programa (garantindo resposta funcional para a reduzida área do lote).
Em planta é possível visualizar a zona exterior nas traseiras. Trata-se de um espaço jardinado com um percurso de pedras desenhado no chão que conduz a uma zona que é proposta como zona de estar. Deste jardim acede-se através de umas escadas exteriores a uma varanda que abrange todo o alçado posterior. Esta varanda comporta-se como cobertura de um pátio coberto agregado ao jardim do piso térreo. Dela podemos aceder directamente do exterior para o interior da casa, nomeadamente à cozinha e sala de jantar. A varanda tem um carácter tanto de estar (no que diz respeito à sua relação com a sala de jantar e estufa) como funcional (pois permite a comunicação entre a zona de serviço e garagem e a cozinha).
No interior deste piso podemos verificar uma vontade do arquitecto em interligar e relacionar as diferentes partes da casa introduzindo a sua intenção de planta livre, apesar de não dispensar a definição das divisões. Assim, observamos a existência de uma ligação opcional entre a sala de jantar e a sala de estar bem como um acesso entre o escritório e a sala de estar, sendo ainda que todos os compartimentos partilham o acesso ao hall das escadas.
Quanto às entradas de luz, Viana de Lima, opta pela utilização de iluminação lateral. Para isso utiliza janelas horizontais viradas para a rua (escritório e sala de estar), floreiras interiores e estufas integradas em janelas (sala de estar e sala de jantar) e janelas viradas para o pátio posterior e terraço maior (cozinha e escritório).
Por fim, o terraço apresenta duas zonas distintas, uma coberta que se relaciona directamente com a rua e escritório, e uma descoberta onde é possível verificar relações visuais com um outro terraço que se encontra num pé direito mais elevado, pertencente a um dos quartos.



3. A lógica funcional e espacial do corte que melhor representa o projecto (a definir pelo grupo):



O corte em baixo representado evidencia o caracter central das escadas que permitem um acesso directo do hall de entrada a todos os compartimentos da casa, quer privados, quer sociais. Denota também o pormenor da floreira interior entre as duas salas.
Por outro lado, mostra também a maneira como o piso intermédio avança sobre o piso térreo assentando sobre pilotis e criando uma zona coberta de recepção à entrada principal. Esta opção estrutural verifica-se também na zona posterior da casa distinguindo-se da primeira pela sua função mais ligada à zona de serviço e garagem.
No corte podemos também confirmar o telhado inclinado. No entanto, este formato não é imediatamente percetível para quem olha para a casa. Isto porque, a partir de uma elevação da cota da parede da fachada, viana de lima pretende que o telhado pareça plano sem o ser, de modo a não ser confrontado com a complexidade de uma dispendiosa cobertura plana oferecendo a aparência exterior da mesma.





4. Os aspectos do projecto mais próximos dos movimentos canónicos do movimento moderno:


Alfredo Viana de Lima, arquitecto português, licenciou-se em 1938 e é a partir do momento que faz a sua tese, intitulada “Uma biblioteca-Arquivo para o Ensino Universitário”, que começamos a ver o seu interesse pelo modernismo, que o acompanhou e influenciou durante todo o seu percurso profissional.
Fazia parte dos CIAM (Congressos Internacionais da Arquitectura Moderna), e após a publicação da “Carta de Atenas”, onde Le Corbusier critica as cidades actuais e propõem vários aspectos para a melhoria das mesmas, Viana de Lima começa a aplicar esses mesmos princípios em Portugal. Revela-se desde então um gosto do arquitecto por Le Corbusier, evidenciando ainda mais este facto quanto em 1969 o arquitecto Alfredo ingressa na Associação Internacional Le corbusier.
Descontente com os grandes problemas visíveis na cidade do Porto, Viana de Lima juntamente com alguns amigos, fundaram, em 1947, o grupo ODAM (Organização dos Arquitectos Modernos).
Um arquitecto que tem toda esta participação e está tão ligado a práticas relacionadas com o movimento moderno, leva-nos a supor que todos, ou pelo menos a maioria dos seus projectos têm características modernistas.
«As obras do arquitecto Alfredo Viana de Lima, consideradas "incontornáveis para a plena compreensão da arquitectura moderna portuguesa”» (em “IPPAR quer proteger obras do arquitecto Viana de Lima“; Jornal de Noticias; 2005-11-22 «http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=523426&page=-1»).

Sendo Viana de Lima um arquitecto que, ao longo de toda a vida profissional, esteve ligado ao Modernismo, é de esperar que isso se venha a reflectir nas suas obras, encontrando nelas traços da Arquitectura Moderna.
Na casa Aristides Ribeiro, ou também conhecida por Casa do Passal, é, em toda ela, visível uma linguagem Corbusiana, que Viana de Lima já tinha utilizado na Moradia Honório Lima, 10 anos antes, mas que desta vez voltou a aplicar numa escala muito mais reduzida, pois o lote da casa apenas tinha 180m². Esta obra é comparada com Ville Savoye projectada por Viana de Lima no Porto. É uma obra em que é perfeitamente legível os conceitos da Arquitectura Moderna Portuguesa.


Podemos ver presentes na casa alguns dos 5 pontos da nova Arquitectura Moderna de Corbusier, entre outras características da arquitectura Modernista:


* Está presente o conceito de
fachada livre, podendo comprovar isso na
entrada, pátios e varandas recuadas e nos grande
envidraçados;
* As janelas horizontais
presentes na fachada Principal que acolhem o
escritório e a sala de estar, e na fachada
Esquerda;
* O piso intermedio está
assente em pilotis, que permite criar zona de
circulação exterior no rés-do-chão;

* Na fachada direita salta-nos
à vista uma floreira, que apesar de se tratar de um conceito tradicional, Alfredo Evangelista desenha-
a com traços modernos, materializando-a com
uma vidraça inclinada para o exterior, tornando-
a assim interior;

* Cria diferentes relações
visuais através de terraços e varandas
distribuídas por diferentes pés-direitos da casa,
relações estas tipicamente propostas pela
sensibilidade característica pelos arquitectos
modernistas.



5. Os aspectos do projecto que mais se distanciam dos modelos canónicos do movimento moderno:

Sendo a casa projectada em 1949 e concluída em 1951, altura em que se impunham as influências da arquitectura moderna, e todas as actividades modernistas praticadas pelo arquitecto Viana de Lima é difícil encontrar aspectos que de distanciam dos modelos canónicos dos movimento moderno. Mas, como consequência das reduzidas dimensões do lote, a Casa Aristides Ribeiro acaba por denunciar alguns aspectos que se distanciam:
* O facto de serem
utilizados pilotis, e como já foi referido o lote
não ser grande, fez com que estes ficassem
incluídos nas paredes interiores,
condicionando assim o conceito de planta livre;
* O telhado típico
inclinado resultante de uma burguesia
portuense que não incluía nos seus hábitos os
banhos solares e o exercício físico ao ar livre e
por esta razão, Viana de Lima dispensa o
conceito de cobertura jardim tão característica
do seu “mentor”, Le Corbusie, como espaço de
contacto com a natureza, utilizando uma
cobertura em telha. No entanto, não se pode afirmar que abandonou por completo este princípio pois ele acaba por compensar em terraços que estão distribuídas pelos diferentes pisos bem como numa atenção especial para que este telhado parecesse plano (facto verificado no corte AA' no tópico 3).






Bibliografia

CASTRO, Cármen, Viana De Lima, Arquitectos Portugueses.
Monografías de arquitectos portugueses da FAUP: Viana de Lima (sem mais dados)
TOUSSAINT,Michel, Viana de Lima: um percurso moderno em Portugal, Dezembro/Janeiro de 1996/97, pp.31-36, Publicação mensal dos arquitectos portugueses
(Autor em falta), Architectuur en stadsvernieuwing in Portugal, pp.37 http://pt.wikipedia.org/wiki/Modernismo_em_Portugal http://www.cm-porto.pt/users/0/61/Edital46de2006_1cb94130824a6e28391312ac831ca960.pdf http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/330236/ http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=523426 http://arkitectos.blogspot.pt/2008/05/faculdade-de-economia-fep-porto-19-arq.html http://arkitectos.blogspot.pt/2008/01/arq-viana-de-lima-191390-casa-do-moinho.html
Fotografias recolhidas no local
Informações recolhidas com a actual proprietária





Trabalho de Síntese Final | UC Geometria


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